Sábado, 16 de Abril de 2011

Há três anos, durante as férias, traduzi o Funeral Blues, do Auden, e coloquei-o na Rua da Castela. Passados três anos, e depois de tentar escolher a melhor palavra possível para cada verso, ficou assim. Esta é a minha leitura do poema, bem mais do que uma tradução, como se percebe.

 

Canção Triste

[Auden]

 

Parem os relógios, desliguem o telefone,

amordacem o cão com um osso enorme.

Calem os pianos e com um pequeno tambor

tragam o caixão, deixem chorar a dor.

 

Que os aviões se lamentem em círculos pelo céu

rabiscando nas nuvens: Ela Morreu.

Enlutem a nação no pescoço branco das pombas,

deixem os polícias usar as mais negras luvas.

 

Ela era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste,

a minha féria e o meu Domingo de descanso.

O meu dia, a minha noite, a minha fala e canção;

pensei que o amor durava para sempre – não.

 

As estrelas não são queridas, já: desliguem-nas.

Arquivem a lua e retirem o sol.

Despejem o mar e varram a terra,

porque nada, agora, poderá vir a ser um dia melhor.



publicado por JRS às 11:20 | link do post | favorito

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