Nada como regressar à Rua da Castela com esta actuação ao vivo do "Sr. Red House Painters", o "american nabe" Mark Kozelek. Não sei a data da dita cuja, mas terá sido há relativamente pouco tempo no talk show do Jimmy Fallon. Os pretos que o acompanham pertecem aos The Roots e conseguem abrilhantar aindamais a festa.
"Mistress" foi editada no álbum a que se convencionou chamar "The Rollercoster Album" em 1993. Há 20 anos, portanto. No mesmo álbum, além da versão semelhante à que aqui deixo, há também uma seminal ao piano, onde a obsessão de Kozelek é levada ao limite.
Tive o prazer de conhecer Mark Kozelek, de, nas Quasi, lhe editar os versos que escreveu. Chamou-se "Noites de Atropelo", tradução do Rui Lage de "Nights of Passed Over". O Vasco Gato deu-nos a honra de traduzir os versos. Foi há mais de dez anos. Ele veio cá lançar o livro, que só alguns anos depois conheceu edição inglesa. E contou-me como o álbum que lhe deu fama foi produzido com um laivos de obsessão. De como levou ao limite cada acorde, cada som de piano dessa linda versão.
"Mistress" sempre foi a mais bonita música de desamor que alguma vez ouvi. O Kozelek tem esse condão, o de mandar à merda as namoradas com uma beleza inexcedível. Basta ouvir "Grace Cathedral Park" e os duros versos que a compõem. E ainda me confidenciou que a sua namorada na altura não gostou muito deles. Pudera: "we walked down the hill, I feel the coming on of the fading sun and i know for sure that you'll never be the one". O mesmo se poderia dizer da "Katy Song", embora num formato relativamente diferente. A Katy voltou, depois. Só que eles não foram felizes para sempre, claro. Mas a música já existia e a Katy ficou para a eternidade a partir para Londres depois de um romance de Verão: "you've got some kind of family there to turn to and that's more than i could ever give you".