Sexta-feira, 31 de Dezembro de 2010

Em cima, Haverá / um acordar, últimos versos de um maravilhoso poema de Cesariny que terminam o ano na antologia "Dou-te um Verso", editada na Babel.

Em baixo, Caetano Veloso canta, num arranjo simplesmente perfeito, uma música de Lulu Santos, poema de Antonio Cicero, mais uma vez. E, mais uma vez, a verdade absoluta de dois versos:

Só falta reunir a Zona Norte à Zona Sul

Iluminar a vida já que a morte cai do azul.

E a beleza maravilhosa dos dois seguintes:

Só falta te querer, te ganhar e te perder

Só falta acordar, ser gente grande pra poder chorar.

Mas todo o poema, todo este O Último Romântico é tão maravilhoso que muito apetece ver e rever e rever.

Com votos de um bom 2011, cheio de coisas boas. Mais do que tudo, como diz a minha avó, com saúdinha!

 

 



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Quinta-feira, 30 de Dezembro de 2010

Musicado pela Adriana Calcanhotto, é quase impossível de ler sem trautear, nem que seja um pouco, a melodia. Mas tentem. É um grande poema de um grande poeta chamado Antonio Cicero, que tive a honra de editar em Portugal. Este Inverno, pertença do seu primeiro livro, Guardar, tem três dos versos mais verdadeiros alguma vez escritos em língua portuguesa. Adivinhem quais são.

 

Inverno

 

No dia em que fui mais feliz 
eu vi um avião 
se espelhar no seu olhar até sumir

 

de lá pra cá não sei 
caminho ao longo do canal 
faço longas cartas pra ninguém 
e o inverno no Leblon é quase glacial.

 

Há algo que jamais se esclareceu:

onde foi exatamente que larguei

naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?

 

Lá mesmo esqueci 
que o destino 
sempre me quis só 
no deserto sem saudades, sem remorsos, só 
sem amarras, barco embriagado ao mar

 

Não sei o que em mim 
só quer me lembrar 
que um dia o céu 
reuniu-se à terra um instante por nós dois 
pouco antes do ocidente se assombrar



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Terça-feira, 28 de Dezembro de 2010

As duas Vénus Hotentote demoraram o tempo previsto para reagirem a um pequeno comentário neste blogue. Podem no entanto ficar ambas descansadas: depois de ter ganho a aposta sobre o tempo da reacção, dedicar-me-ei novamente a coisas bem mais produtivas - mas estou de férias, perdoem-me, foi mais forte do que eu.

Uma coloca aqui o seu auto-retrato, certamente em homenagem às suas origens africanas, conseguindo desmontar toda a minha estratégia em três linhas - o que eu mais quero é aumentar o número de transeuntes nesta Rua à sua custa, claro.

A outra deambula por melindres inexistentes e uma campanha publicitária bem interessante acabando a querer que se chamem os bois pelos nomes: embora bípede, pareço ser o único ser vivo dos quatro que tem a coragem de, na blogosfera, ter um nome que permite saber-se de quem se trata. O que, bem vistas as coisas, com ou sem os tracinhos que tanto irritam tanta gente, deve querer dizer alguma coisa. Uma boa pergunta - a que o senhor Macieira já respondeu - é saber se ambas as senhoras teriam a coragem de escrever o que escrevem se o anonimato não fosse a armadura dos fracos.

E, como os americanos, eu resto o meu caso



publicado por JRS às 23:42 | link do post | favorito

Segunda-feira, 27 de Dezembro de 2010

Telefonam-me desde Portugal em pânico! "Jorge, o senhor Macieira deixou raízes de onde outras árvores se levantam!" "Jorge, és saco de pancada até mais não, dão-te com força, põe-te a dançar, citam uma frase tua ao lado de uma da Margarida Rebelo Pinto!"

Sobressaltado, interrompo imediatamente as férias. Digo: "regressarei a Lisboa na primeira oportunidade!" E, como quando há um desastre natural qualquer, em que o político de serviço vai visitar a catástrofe para 1) dar apoio moral e, claro, 2) inteirar-se da situação in loco, estou já na viagem de regresso. Quero ver in loco a catástrofe.

Mas afinal, não há catástrofe. Só dois arbustos que estavam certamente plantados à sombra da árvore do senhor Macieira e que, com a sua queda por harakiri, cresceram de encontro ao sol do anonimato. Um cita-me mais vezes do que o Papa Bento XVI invoca Jesus Cristo na Missa do Galo. O outro, começa logo a citar-me mal.

A meio da viagem volto portanto para trás. A força de vontade dos dois anónimos é tal que vamos ter gracinhas para meses, pelos vistos. Quarenta posts em Dezembro, literalmente cruzes, credo! Mas são gracinhas, nada mais. É que - cuidado, preparo-me para elogiar o senhor Macieira - a árvore que lhes permitiu o sol tinha pelo menos graça. Estes, nem isso. São apenas duas Vénus Hotentote a passearem-se pelo século XXI como se estivessem no século XIX. Com a agravante de a isso não serem obrigados.

PS: Uma nota que me parece interessante: como bons mercenários, estas duas Vénus Hotentote atiram em todas as direcções. O primeiro soa-me a um rapaz que conheço, que o tom e a pontaria estão mais afinados. O segundo faz o senhor Macieira começar a provar o próprio veneno. Como se diz nos círculos bem pensantes lisboetas - que giro.



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Domingo, 19 de Dezembro de 2010

Partamos do pressuposto que quem cá vem o faz de três em três ou de quatro em quatro dias. Isto dá umas setenta a cem pessoas a pousarem aqui os olhos. Demos de barato que é só gente que não tem a minha fotografia no local para onde atiram os dardos. Porque a ideia é elogiar, e não me apetece elogiar quem faz de mim objecto de vodoo (quer dizer, até apetece, mas isso fica para outro post). Caros e caras, no fundo o que vos quero dizer é o seguinte:

- Obrigado pelas vossas visitas.

- Tenham um Natal cheio daquilo que mais desejem.

- Entrem em 2011 sem grandes revoluções mas com boas resoluções.

- Eu nas próximas duas semanas vou ali e já venho, pelo que a assiduidade de considerações sobre o André Villas-Boas, o António Guerreiro ou os Blur será menor.

Fiquem bem.

Vosso.

Jorge



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Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2010

Não resisto. Para imediata compreensão sigam por favor directamente para o post respectivo no blogue Revisitar a Educação. Mas, se quiserem, vejam lá se adivinham.

O texto sobre a antologia é a sinopse que acompanhava o comunicado para a imprensa da Porto Editora. Mas notem qual a citação que destacaram de um dos textos que sobre a antologia foi escrito. Reza assim:

«Uma descrição objectiva desta antologia não pode deixar de destacar estes aspectos: a sua singularidade, a sua dimensão superlativa, a sua extensão panorâmica elevada ao máximo possível. Na verdade, trata-se da única antologia da poesia portuguesa que percorre toda a história literária desde o século XIII até ao século XXI [...]. Projecto antológico mais grandioso do que este realizado por Jorge Reis-Sá e Rui Lage é difícil imaginar.»

Dou um doce a quem me souber dizer quem escreveu estas frases e onde. Sem batota.



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Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2010

 

Conheci-o mal. Entrevistou-me uma única vez, teremos falado pouco mais do que uma dezena de vezes. Mas, no entanto, era como se nos conhecêssemos. Não desde sempre, as palavras usuais para os amigos. Carlos Pinto Coelho não era meu amigo, não aconteceu, verbo que será repetido muitas vezes nos próximos dias. Mas era como se nos conhecêssemos porque ambos vivíamos dentro dos livros - eu editando, escrevendo; ele divulgando, oferecendo. Ambos lendo, claro.

Da única vez que me entrevistou, há um ano, nos estúdios onde gravava o Assim Acontece para que tantas rádios locais o repetissem, surpreendeu-me. Foi sobre os Poemas Portugueses. Não gostei. Porque todas as entrevistas que me costumavam fazer sobre a antologia partiam de perguntas como que acríticas. O que era a antologia, como lá tínhamos chegado, etc e tal. Ele não. Ele a certa altura disse "mas tem muitos poemas maus". Fiquei desarmado. Disse que não, que não tinha. E ele replicou "tem, sabe que tem". Não sabia. Não sei. Mas imagino que um dia, com sessenta e seis anos, olhe para trás e diga que tem. Ele achava que tinha e confrontou-me. É o melhor elogio que lhe posso fazer.

Uma das suas menos conhecidas actividades era como fotógrafo. Que conheço mal. Mas fico sempre maravilhado com a fantástica fotografia que, em boa hora, permitiu que usássemos há vários anos no Berçário do Rui Lage. Fica aqui. [Em cima, fotografia de Pedro Palma.]

 

 



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Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2010

Caro senhor Macieira

espero, sinceramente, que o seu afastamento (ali sentado, para citar o Daniel Maia-Pinto Rodrigues, autor de sua predilecção) do Máscara & Chicote seja apenas um achaque que o tomou em dia de clausura de Assanges e outros que tais. Saiba que o seu silêncio será para a blogosfera, em geral, e para a bondage literária, em particular, uma perda irreparável. E rogo-lhe que não tenha visto em quaisquer minhas palavras mais do que um anotar de coincidências sem qualquer valor que não seja esse - a bendita serendipidade.

Com um abraço amigo, deixo-lhe a dona Oliveira, num poema que espero não seja a propósito.

Seu

Jorge

 

A Elisabeth Foi-se Embora

(com algumas coisas de Anne Sexton)


Eu que já fui do pequeno-almoço à loucura
eu que já adoeci a estudar morse
e a beber café com leite
não posso passar sem a Elisabeth
porque é que a despediu senhora doutora?
que mal me fazia a Elisabeth?
eu só gosto que seja a Elisabeth
a lavar-me a cabeça
não suporto que a senhora doutora me toque na cabeça
eu só venho cá senhora doutora
para a Elisabeth me lavar a cabeça
só ela sabe as cores os cheiros a viscosidade
de que eu gosto nos shampoos
só ela sabe como eu gosto da água quase fria
a escorrer-me pela cabeça abaixo
eu não posso passar sem a Elisabeth
não me venha dizer que o tempo cura tudo
contava com ela para o resto da vida
a Elisabeth era a princesa das raposas
precisava das mãos dela na minha cabeça
ah não haver facas que lhe cortem o
pescoço senhora doutora eu não volto
ao seu anti-séptico túnel
já fui bela uma vez agora sou eu
não quero ser barulhenta e sozinha
outra vez no túnel o que fez à Elisabeth?
a Elisabeth foi-se embora
é só o que tem para me dizer senhora doutora
com uma frase dessas na cabeça
eu não quero voltar à minha vida



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Sento-me na Fnac do Chiado, ali entre o início da sala dos livros e o corredor para os dvds, onde agora colocaram os livros, discos e dvds infanto-juvenis. Sento-me lá para olhar.

É que pelos vistos acabou o exercício físico. Prevejo fechos em série nos campos de ténis, pavilhões, até nas piscinas deste país. Há coisas que nos fazem fazer exercício como se fosse mesmo - e não estou a falar de vibradores de cinta, vendidos às quatro da manhã na TVI. Falo de consolas.

Pelos vistos, agora, joga-se de tudo em Nintendos, Xboxes ou afins. Dois rapazes corriam enquanto um rapaz corria numa pista de tartan virtual. E depois, ó Deus, saltavam em comprimento, sete metros e setenta e cinco, novo record mundial. Prevejo para breve gente a esbracejar junto à alcatifa da Fnac para bater os recordes do Michael Phelps.

Mas alguém me pode explicar que raio de interesse tem fazer de conta que jogamos ténis de mesa com um chinês rendido ao capitalismo mas que não existe? Mas ninguém me precisa de explicar o que isso fará - está a fazer - pelos desportos em si. Os miúdos quando virem o peso de um raqueta, de uma bola daquelas brancas e que parece tão leve, vão perceber que a realidade virtual não pesa nada. E que, como não pesa, nada acrescenta. Só vazio, vácuo, sistemas de baixas e inexistentes pressões. Onde? No cérebro, aquele que mais fica - pela falta de exercicío real - menos exercitado.

Enfim, sou um velho conservador a prever 1984 em 2011. (Quer dizer, mas já sem o comando, claro...)



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Domingo, 12 de Dezembro de 2010

Só vi na capa, ainda: a Alexandra Lucas Coelho está no Brasil, em reportagem. Quer isto dizer que dentro de alguns meses temos mais um livro da colecção de viagens da Tinta da China, dirigida pelo Carlos Vaz Marques. E ainda bem.



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Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2010

Hoje, nove de Dezembro do ano da Graça de Nosso Senhor de 2010, este blogue bateu o seu record de visitas! (Não vamos nessa mariquice das page views: this is hardcore - roubadinho aos Pulp). Ainda faltam duas horas para o fecho das urnas mas, desde que há registos - 25 de Novembro do ano da Graça de Nosso Senhor de 2010 -, o dia de hoje neste blogue já cilindrou o antigo recorde por, nada mais nada menos, do que 3 visitas! Diga, portanto, 33!

A todos os 33 visitantes, gente boa, amiga, companheira, camarada, leitora ou vinda ao engano, o meu mais do que agradecido agradecimento. Voltem sempre! E tragam outro amigo, companheiro, camarado, leitor ou gente ao engano também.



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Terça-feira, 7 de Dezembro de 2010

Ter a certeza é logo um verso. É coisa esquisita, isto de ter uma certeza. Entendo que tenhamos cães, gatos, sofás ou contas nas Ilhas Virgens. Mas certezas? Pois bem, eu tenho uma - não uma, a - certeza.

E é esta: o facto de eu ter escrito este post e de a partir daí o senhor Macieira ter mantido a fã do Casimiro de Brito suspensa como o gato do MEC doente naquela crónica é mera coincidência. Tenho a certeza. Mas fico triste. Que fico triste, fico.



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Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2010

 

Toda a gente fala de Sá Carneiro. Minto: toda a gente menos Pedro Santana Lopes. Cumprindo o prometido, Pedro Santana Lopes só usou dois terços da sua crónica no Sol de há duas semanas para dizer que não ia falar dele. A semana passada não comprei o jornal. Imagino que tenha voltado a dizer que não ia falar dele. Esta semana usa um terço do espaço para falar dele, mas no fundo não está a falar.

Toda a gente e até Vasco Pulido Valente. Pelo que tenho lido sobre Sá-Carneiro, ele não era assim bem de direita naquela altura. Mas Pulido Valente, que não lê os anos de 1974-1980 com as lentes de agora (nem pensar!) acha que ele queria era fazer um partido de direita. Ele trabalhou com ele, deveria saber do que fala. É até esse o seu argumento: "eu trabalhei com ele". Mas, lamento, não colhe. Não basta trabalhar, é preciso lembrar convenientemente e à luz das circunstâncias da época.

Toda a gente e mais gente no Sol. Gente como Basílio Horta que diz que o PSD e o CDS se teriam fundido um com o outro se Sá Carneiro não tivesse morrido (ele só provocou duas grandes dissidências no PPD, de centenas de militantes cada uma,  durante o seu breve reinado - nota-se que era um homem de consensos...), gente como Almeida Santos que diz que o PSD estaria bem mais próximo do PS porque "Sá Carneiro era mais à esquerda do que eu" [sic]. Gente que não leu o Vasco Pulido Valente, com certeza. Mas que leu Pedro Santana Lopes: "Todos os exercícios de imaginação são admíssiveis". Até fazer o fútil exercício de "o que seria isto se isto não tivesse sido isto". Eu aposto que teria sido aquilo, não isto.

 

Termino por estes dias a leitura da reedição da biografia de Maria João Avillez. Acho bem - e até intelectualmente honesto - que não tenha mexido em nada, acrescentando apenas uma nova introdução. Tenho pena, no entanto, que perca em comparação com a de Miguel Pinheiro (embora se note que ele muito a considera) pela ausência das indicações de algumas fontes importantes e, bem mais importante, por uma edição pobre, que coloca fotografias do dia da apresentação do PPD (em 1974) no corpo do texto junto com o ano de 1976. E, ainda mais importante, que perca pela existência de algumas gralhas que são erros de facto e que uma revisão cuidada - e não falo de Maria João Avillez, claro - deveria ter corrigido.

 

[Em cima, fotografia de Alfredo Cunha]



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Quinta-feira, 2 de Dezembro de 2010

Movido por uma conversa com o meu professor de Zoofilogenia e Evolução, li A Criação de Edward O. Wilson, editado na Gradiva há pouco tempo. Na capa escreve-se "Um apelo para salvar a vida na Terra". Logo depois "Por favor, leia este livro". Ficaria melhor se, por baixo deste segundo apelo (neste caso, da Gradiva) se tivesse colocado o autor da frase, Michael Ruse, eminente darwinista e filósofo da ciência. Assim, é só uma maneira nova de dizer "Por favor, compre este livro".

Mas o livro. É de um naturalista dos quatro costados. De um homem que dedicou a sua vida às formigas como se as formigas representassem todas as espécies vivas. Que representam. Quero com isto dizer que é um livro de um apaixonado pela Natureza, assim em maiúscula. Por isso, por vezes, tem algumas frases que estão para a ciência como a Florbela Espanca para a poesia: é muito bonito e tal, mas não precisava de tanto ponto de exclamação. Quero com isto dizer que Wilson ama a maravilhosa diversidade que temos na Terra porque ama todos os animais da Terra (estou a ser injusto, ele cede no que respeita a três espécies de piolhos exclusivas da nossa espécie e ao mosquito portador do protozoário que nos causa a malária e lá diz que se devem guardar como o virus da varíola, mas que se poderiam extinguir). Quero com isto dizer que tem alguns excessos, portanto. Mas quero também dizer que há muito que não lia um livro tão desassombrado, apaixonado e - em tanta coisa - verdadeiro.

O meu professor tinha-me falado da sustentabilidade. Que a questão da preservação da biodiversidade se deve colocar na própria sustentabilidade da biosfera e nela da espécie humana. No fundo, eu também acabei por dizer isso aqui, mas dando mais destaque ao argumento humanista. O meu professor ensinou-me - mesmo tendo eu deixado a faculdade há dez anos - que a questão humanista, por ser dicotómica (humanismo / naturalismo) é estúpida. E, claro, está certo.

Entendo Wilson quando acaba por cair no argumento da preservação daquela espécie só porque é única. Ele está apaixonado pela vida natural, e defende-a até ao limite. Eu quando começo a falar da questão do ensaio de 84 de Gould na Natural History, da mudança do nome de Némesis e da extinção dos dinossauros fico na mesma, meio perdido na beleza que vejo onde outros ouvem tédio. Mas Gonçalo M. Tavares diz bem na LER deste mês: viva o tédio. O meu tédio pela preservação daquela espécie particular devido à sua beleza natural é o deslumbramento de tantos. E é isso que equilibra as coisas.

Mas da preservação da biodiversidade: agora que aprendi que a dicotomia é estúpida, aprendi que aquela espécie particular pode, como as asas da borboleta que batem no Jardim Botânico do Porto, fazer com que haja mais vento no deserto de Mojave. A sua preservação permite que a biosfera esteja equilibrada e que por isso permita que também nós estejamos nela equilibrados. Wilson sabe do que fala, acreditem. Por favor, leiam o livro dele.  



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Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010

Foi demasiado às claras, José. Que desilusão... E eu a pensar que a coisa já vinha de casa estudada. Agora levas um jogo. Mas... eis que... com multas de tostões ou não, lá se cumpriu o objectivo: tudo limpo para os oitavos. A UEFA parecia tê-los no sítio - mas não teve.

A notícia do Público e o video:

José Mourinho vai cumprir um jogo de castigo na Liga dos Campeões, após ter sido condenado pela comissão disciplinar da UEFA pelos cartões forçados por Sérgio Ramos e Xabi Alonso no Ajax-Real Madrid realizado em Amsterdão para ficarem disciplinarmente limpos para os encontros dos oitavos-de-final da Champions.

Mourinho, que foi ainda multado em 40 mil euros, vai assim ficar na bancada durante o Real Madrid-Auxerre, da última jornada do Grupo G da Champions, mas regressará ao banco "merengue" para os oitavos-de-final. O castigo da UEFA ao português foi de dois jogos, mas um deles fica suspenso durante três anos.
Por seu lado, Ramos e Alonso foram multados em 20 mil euros cada um, mantendo os respectivos jogos de castigo no encontro com o Auxerre - logo, ficam livres para os oitavos-de-final, para os quais o Real está qualificado - enquanto Iker Casillas e Jerzy Dudek, que transmitiram as ordens de Mourinho para os jogadores forçarem a acção disciplinar do árbitro, foram multados, respectivamente em dez mil e cinco mil euros.
O Real Madrid, por seu lado, foi multado em 120 mil euros e, segundo os regulamentos da UEFA, tem três dias para recorrer da decisão

 

 



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